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Graduação-Esponja-Congresso: uma mistura que deu certo

A graduação é um mundo interessante: você recebe em poucos anos uma grande carga de novidades (amigos, professores, áreas distintas, viagens, atividades extracurriculares...) e tem que decidir qual dessas novidades irá seguir. Em um dos quesitos, eu escolhi as esponjas, juntamente com a reprodução, num belo esbarrão que já está completando 22 meses. Eu, Bruno Cajado Almeida Gouveia, trabalho com a incrível Dysidea janiae, que aparentemente não se importa muito com os fatores ambientais, mas tem uma companheira inseparável, a sua alga vermelha calcária Jania adhaerens. Não dá pra entender uma sem conhecer a outra. Esse projeto já rendeu alguns pequenos frutos internos, como apresentações nas Semanas de Biologia da UFBA, relatórios, seminários... E, seu primeiro fruto externo maturou no Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO 2016), que ocorreu esse mês aqui em Salvador, esse “paraíso espongológico”.

Nunca havia estado em um congresso. Já planejei ir a vários, grande parte só durou até ver quanto teria que desembolsar. Mas, com um na porta de casa, não tinha como não ir. O CBO não é um congresso com enfoque principal em Biologia, mas, como fala sobre o mar, nós resolvemos meter as caras e falar desses animais bentônicos também. E deu certo. O LEBR em peso marcou presença, apresentando trabalhos e assistindo palestras, algumas bem produtivas. Submetemos oito trabalhos (todos aceitos), que se somaram aos de outros laboratórios da própria UFBA, do Recife e do Rio de Janeiro, tendo esponjas em todos os dias do congresso. Uma das apresentações foi do Dr. Emilio Lanna, que trouxe um panorama de dois anos de trabalho contínuo em cinco espécies de Demospongiae na Baía de Todos os Santos (BTS). Como contratempo, o espaço foi relativamente apertado, mas deu pra aproveitar bem esse congresso nacional.

Equipe do LEBR e do LABESP com seus respectivos orientadores Emilio Lanna e Fernanda Cavalcanti no CBO 2016 (8/11)

Como montar um (bom) trabalho

O meu trabalho foi apresentado em formato de pôster/banner, sobre como são os elementos reprodutivos, sua frequência, e a relação temporal na Dysidea janiae na BTS. Como eu já estava imerso nesse ambiente, não foi difícil desenvolver o que seria dito e utilizado. Porém, houve problemas técnicos, que acredito que nos afligem no nosso dia-a-dia laboratorial. Primeiro, acredito que a organização seja essencial, além dos cumprimentos dos prazos, principalmente na histologia. O trabalho com tecidos requer cuidados especiais, desde a coleta até o processamento, por conta da grande quantidade de etapas: errou em uma, comprometeu o resultado final. A leitura de artigos, livros, ou até mesmo outros pôsteres ajudam bastante a entender o que é que você está vendo 100, 400, 1000 vezes aumentado no microscópio. Fazendo isso, e sendo crítico sempre, seu trabalho tem ótima chance de dar certo, mesmo que as estatísticas não colaborem como você desejaria.

Dysidea janiae in situ na Praia do Porto da Barra (A, foto Gustavo Kasper); seu elemento reprodutivo masculino, o cisto espermático (B); e, os elementos reprodutivos femininos ovócito e embrião na C e larva na D.

O Congresso e a separação do mundo acadêmico

Infelizmente, na maioria das vezes o conhecimento é bem fragmentado, só interessando pessoas específicas, sem muitas vezes conhecermos o que outras pessoas próximas a nós estão fazendo. Isso pode ser desestimulante, por que ninguém quer fazer algo sabendo que ninguém irá se importar ou ao menos ler. Por isso, esses eventos de congregação são bem legais. São ambientes agradáveis, acredito que principalmente para nós, graduandos, pois possibilita conhecermos pessoas de diferentes regiões que trabalham em projetos similares ao seu, ou naquele tema interessante que você nem sabia da existência, até poder conhecer um pouco. Há poucos dias, eu e outra graduanda que estagia no LEBR – Danyele Santos - fomos a um curso de histologia de esponjas no Rio, com o belga Philippe Willenz, o que reavivou ainda mais a vontade de continuar no projeto e de melhorá-lo cada dia mais. Lá no laboratório, juntamente com o nosso orientador Emilio Lanna, tentamos formar um grande grupo, que se ajude e se junte aos outros laboratórios, como grupos em uma sociedade, o que realmente somos (mas às vezes parece que esquecemos). Agora, congressos e encontros são prioridades na minha agenda, e espero poder ver vocês nos próximos CBO, COLACMAR, CBZ, CBBM... da vida!

Qualquer coisa é só comentar. Foi um prazer.


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