Quantas esponjas tem aqui?
Olá, me chamo Franciele Oliveira, sou Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) – Campus de Jequié. Atualmente, sou mestranda do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Animal da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atuo no Laboratório de Embriologia e Biologia Reprodutiva (LEBR). Meu projeto de mestrado tem como título: Demografia e dinâmica populacional de esponjas com interesse farmacológico na Baía de Todos os Santos (BA), sob orientação do Prof. Dr. Emilio Lanna e Co-orientação da Profa. Dra. Fernanda Cavalcanti.
Nosso estudo tem como objetivo investigar a demografia e a dinâmica populacional de três espécies de esponjas da classe Demospongiae: Aplysina solangeae, Desmapsamma anchorata e Tedania ignis. Para isso, iremos analisar se há preferência por substrato, determinar a dinâmica da densidade populacional e estrutura de tamanho das populações, determinar a taxa de crescimento das diferentes espécies de esponjas; investigar se a dinâmica populacional e as taxas de crescimento estão relacionadas a variações de parâmetros ambientais (temperatura, fotoperíodo, regime de maré e precipitação); e propor modelos de crescimento populacional para as três espécies.
Compreendermos a biologia desses organismos é de grande relevância, pois, apesar da abundância (principalmente no litoral de Salvador) e importância ecológica das esponjas, há poucos estudos relacionados à sua história de vida. Esse conhecimento pode ajudar em futuros planos de manejo e conservação, caso estas espécies venham a ser alvo de exploração.
Os dados estão sendo obtidos a partir de mergulhos livres e de SCUBA, em três pontos dentro da Baía de Todos os Santos, o Yacht Clube da Bahia (ICB), Porto da Barra (PB) e Humaitá (HUM), Salvador (BA). Já realizamos três coletas (maio, julho e setembro) para os dados da densidade populacional, quanto a estrutura de tamanho já foram coletados dados de dois meses (agosto e outubro), o objetivo da preferência por substarto será feito uma única vez no início do ano de 2016.
Analisando a variação na densidade populacional das esponjas, notamos que houve um declínio no número de indivíduos de T. ignis ao longo do período estudado, ocorrendo o oposto para D. anchorata e A. solangeae, nas quais a densidade populacional aumentou. Não obtivemos nenhum resultado significativo ao relacionarmos a densidade populacional de cada espécie com os fatores ambientais. Entretanto, a precipitação fator mais se aproximou a um resultado significativo para as três espécies, sendo que para T. ignis quanto maior foi a precipitação maior foi a densidade populacional, ocorrendo o contrário para D. anchorata e A. solangeae.
Estamos obtendo a mensuração de 30 espécimes de cada espécie a partir do método proposto por Santavy et. al, 2013. Este método consiste em obtermos o diâmetro e altura de cada espécime e aplicarmos nas fórmulas propostas, assim temos o valor aproximado da Área de Superfície (AS) de cada indivíduo. Posteriormente com esses valores da AS geramos histogramas para avaliarmos a estrutura do tamanho para cada localidade (PB, ICB e HUM). Definimos arbitrariamente as classes de tamanho Pequena, Média e Grande, com valores distintos para cada espécie estudada. Com as duas coletas já realizadas percebemos que para todas as localidades a maior parte dos espécimes compõem a classe de tamanho Pequena, entretanto, na segunda coleta já houve um maior número de indivíduos da classe Grande.
Com as próximas coletas esperamos que a taxa de crescimento seja igual entre as três espécies e que as estruturas populacionais sejam distintas, assim como a preferência por substrato e densidade populacional. A partir dos dados obtidos, iremos propor modelos demográficos para as espécies, que poderão servir para futuros esforços de conservação na área.
Nossos resultados ainda são muito preliminares, mas estamos bastante empolgados para ver como estas espécies se comportam ao longo do tempo nas praias de Salvador. Fique atento às nossas atualizações.